a poesia constrangida de um poeta menor

8 de ago. de 2007

HORAS MORTAS

Perambulei, de crepúsculo a aurora, pelo corredor sem portas da insônia
E nestas horas ditas mortas, repassei minha vida
Colhi, desta insone retrospectiva, mais orgulhos que vergonhas
Revi méritos muitos, desonras poucas
Dei-me conta de fartos altruísmos
Permeados por raros egoísmos
Muito servi e pouco fui servido
Elogios e reverências angariei, contraponteados por mínimas repreensões

Vê que vida escorreita!
Olha que imácula existência!

Porém, herdo desta conta
Largos prantos e constrangidos sorrisos
Amargos desgostos
Regozijos vãos
Escassas realizações, abundantes decepções
Um revés de vida de um espectro de ser

A prova e a contra-prova, escarradas na face
De que viver não é passar
E que supostas horas mortas prescrevem-nos - urge! - horas mais vivas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Teus poemas estão cada vez melhores.Falam muito sobre ti e confirmam a tua vida.Estou orgulhoso só por dizer que te conheço.Abraço!

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