Hei de morrer cedo
Para honrar a sagrada escrita
De que a obra não escrita
Supera, de longe, a realizada
Que é falha, posto que viva
Pífia e mal-acabada
E então, serei, desencarnado
Poeta maior, grande bardo
Parasita do poema que não escrevi
E de tudo aquilo que não fui
Mas que teria sido
Se não tivesse morrido
Tão cedo...
A morte eleger-me-á
Versejador elegante
Respeitado por público e crítica
Amado por meus versos natimortos
E assim, o poeta dos versos tortos
E inspiração raquítica
Será sumariamente esquecido
Dando lugar ao poeta do verso não concebido
Serei, então, o poeta que teria sido
Se não tivesse morrido
Tão cedo...
Revelar-te-ei um segredo:
O poeta que teria sido
Se não tivesse morrido
Tão cedo
Punha-me medo.
a poesia constrangida de um poeta menor
17 de out. de 2007
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