Demoras-te! Por quê?
Serei indigno de tua ilustre visita?
Não tergiverses! Violentar-te-ei – sou bem capaz! – num ignominioso ato suicida!
Mas... Perdoa o descalabro
O convite é sincero, crê
A ameaça, puro desespero. Ignora-a
Vem! Preciso-te...
Quero-te viva e efetiva neste meu trôpego vagar
Mas atentes, quero-te derradeira e extrema
Um extremo de turvar a luz mais branca
Repelir as flores com seus nauseantes perfumes
Evacuar amores – exceto o nosso! –
Amputar sorrisos e acinzentar cores
E um derradeiro
De varrer restos e resquícios de existência
Quero-te desesperadamente!
Sinto-te próxima, pousando-me teu olhar demorado e perscrutador
Pressinto tua estocada fatal e tua ânsia por desferi-la, tão logo possas
Mas és toda ímpeto contido!
Neste ensejo, sonho em roubar-te um beijo
Que sufocasse, asfixiasse, desfalecesse...
Sentes meu desejo?
Percebes que te amo tanto quanto me amas?
Que inspiro o ar que expiras?
Que urro enquanto te calas?
Então, por que te negas a quem humildemente te reclama?
Vem e arranca-me da vida!
Envolve-me com teu véu negro, cerzido de trevas, encharcado de mortes
Engole-me avidamente e resgata-me deste arrastado definhar
Não vivo, tão-só existo
E existir é martírio dos fracos
E virtude dos patéticos
Sou pateticamente fraco: conto contigo
Comisera-te de minha dor, mas não a ponto de poupar-me
Não te esquives do teu único e nobilíssimo mister
Vês minha vida? Vês?
Ah! Se isto é vida, quero a vida pós-vida
A vida em morte em vez da morte em vida
A vida baça e mórfica
A não-vida
A morte
Bem-resolvida.
a poesia constrangida de um poeta menor
14 de nov. de 2007
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