a poesia constrangida de um poeta menor

17 de jan. de 2009

O INFERNO É AQUI

Não te iludas
O inferno é aqui!

O odor fétido que sentes, vez por outra
Morno, denso e nauseabundo
Exalando angústia e aflição
Nada mais é que o hálito do diabo
Que aspiras com sofreguidão (ingenuidade e fé)
No compasso da mais pueril oração

Não te iludas
O inferno é aqui!

E estes urros lancinantes
De graves e agudos dissonantes
Que te vêm, amiudados
E rebentam teus ouvidos
São conselhos do diabo
De satânica sapiência:
"Não pratiques a oração
Nem, tampouco, boa-ação
Que de nada valerão
Pois o inferno é aqui!"

Não te iludas
O inferno é aqui!

E este peso opressivo sobre os ombros
Este gelo que atravessa o coração
Este abraço de tantos braços, que imobiliza e sufoca
Esta sombra que te vela noite adentro
É o olhar oculto do diabo (a fagulha no breu)
Derramando-se sobre ti
Real e cru
Embora o suponhas, não o crês

Não te iludas
O inferno é aqui!

E as dores
Os rancores
Desamores
Despudores
Maus-humores
E as dores
E as dores!?
É o inferno, ou não, aqui?

Não te iludas
O inferno está em ti!

Um comentário:

Guto disse...

É, mas até no fogo do inferno a gente pode assar uma carne, chamar os amigos e comemorar...

Abraço,

arquivo

meu livro

meu livro